Eu amarelo: Carolina Maria de Jesus

Indicado ao Prêmio Shell de Teatro 2023 - Categoria: Dramaturgia.

A peça, com direção de Isaac Bernat, apresenta um retrato contundente da ex catadora de papel que se transformou na maior escritora negra do país do século XX:  best seller com mais de um milhão de exemplares vendidos,  traduzido em 13 idiomas para 80 países. Carolina Maria de Jesus devotava a sua vida a um propósito: seu  amor à literatura que a fez tirar do lixo as palavras, e das palavras,  uma forma de combater as desigualdades do mundo.  Não é à-toa que Carlos Drummond de Andrade a considerou “a mais necessária e visceral flor do lodo”. Desde a sua estreia, no Sesc Tijuca, o projeto com esgotando os ingressos nos teatros Sesc Tijuca, Sesc Engenho de Dentro, Sesc Ipiranga, Sala Municipal Baden Powell, Terreiro Contemporâneo e Mar (Museu de Arte do Rio). Também fez circulação em Casas de Cultura das periferias da Cidade de São Paulo.

 

O livro “Quarto de Despejo” serviu de base para a adaptação teatral e  evidencia as inquietudes  sociais e as experiências emocionais de quem vive na falta,  também aponta a  trajetória ímpar da escritora que deixou mais de 4.500 páginas em seus manuscritos. Ainda a espera de publicação.  O texto, com dramaturgia de Elissandro de Aquino, é composto por  fragmentos do amplo legado de Carolina que inspira autores como Conceição Evaristo e Elisa Lucinda.

O diretor Isaac Bernat assumiu o desafio que segundo ele é uma “responsabilidade e um presente. Neste momento tão desesperançado de nosso país o exemplo de superação que Carolina nos mostra é um estímulo para que todos os oprimidos e excluídos continuem a acreditar em seus sonhos e desejos. Como diretor recebo outro presente,  que é o de pode contar com a maestria, profundidade e talento de uma atriz como Cyda Moreno. Vamos contar esta historia priorizando o essencial, ou seja, acreditando na força e no poder que o Teatro tem de tocar as pessoas. Com a parceria de Sergio Marimba e Margot Margot, dois artistas visuais viscerais e ousados vamos construir a beleza deste universo tão duro e ao mesmo tempo tão poético, tudo isto iluminado pela maestria de Aurelio de Simoni.

 

 

A atriz Cyda Moreno, que dá voz à Carolina cita que das entranhas de suas múltiplas misérias,  e de seus múltiplos talentos; da sua fome de comida, de espaço, de justiça, de igualdade e de democracia, Carolina extraiu poesia e lirismo para fazer ressoar as misérias do povo da favela. Sua literatura repleta de erros de grafia, é peculiar, é recheada de palavras rebuscadas e profundas que reflete as inúmeras fomes do nosso povo por espaço, dignidade, reconhecimento, oportunidades e respeito a nossa identidade. Suas obras evidenciam que o racismo é cíclico e híbrido. Já estamos em outro século. Mas milhares de Carolinas ainda se encontram à margem da sociedade, nas periferias, no sub emprego, debaixo dos viadutos, nos presídios, nos hospícios, e na luta diária para vencer a fome. Por isto sua voz não se cala. E ela vive. Os "quartos de despejo" triplicaram. O Brasil precisa conhecer a força de Carolina e a sua realeza.

A literatura de Carolina Maria de Jesus só foi redescoberta na década de 90, graças ao pesquisador brasileiro José Carlos Sebe Bom Meihy e do norte-americano Robert Levine. No exterior, porém, ela nunca deixou de ser lida e estudada, sobretudo nos EUA, onde Quarto de Despejo, traduzido como Child of the Dark, é utilizado nas escolas.

 

Ficha técnica

 

Com Cyda Moreno

Dramaturgia: Elissandro de Aquino

Direção: Isaac Bernat

Assistentes de Direção: Bebel Ribeiro e Camila Monteiro

Direção de Movimento:  Cátia Costa

Cenário: Sergio Marimba

Figurino: Margo Margot

Iluminação: Aurélio de Simoni

Preparador Vocal: Jorge Maya

Captação de Imagens e áudio: Marco Lehr

Fotografia: Edu Monteiro

Assessoria de Imprensa: Claudia Tisato

Design: Claudio Partes

Produção: Viramundo

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