Memórias de fogo

 

Na montagem de Memórias de Fogo, espetáculo multilinguagens, a poética é essencial para o trabalho e as interfaces estabelecidas entre poesia interpretada, poesia musicada, poesia dançada e poesia visual. Os atores e a geometria dos gestos são o fundamento da cena, numa simbiose indissociável com as questões sociopolíticas inseridas no processo da encenação.

 

O espetáculo se insere no contexto da dramaturgia contemporânea, da antropologia teatral. A proposta foi concebida em cima de uma dicotomia entre a tradição e a modernidade, e os desenhos das cenas são todos baseados na cultura dos povos indígenas, em especial os do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (como as nações dos Terena, Caiuás, Bororos, Xavantes e Paiaguás).

 

O teatro é uma reflexão para realidade social e a vida. Pensando assim o roteiro arrasta com amor a palavra dita e a não dita nos metatextos sobre a sociedade e suas mazelas do existir.

 

A peça é uma simbiose de muita poesia brasileira, encenada interpretada, musicada, dançada e projetada em mapping sobre os corpos em movimento do elenco. Essa configuração cria um cenário gráfico-poético dimensionado com elementos coreográficos e interatividade com a plateia.

 

Ficha técnica

 

Roteiro e Direção: Sady Bianchin

Ass. de Direção: Marcela Giannini

Texto: Marcela Giannini e Sady Bianchin

Direção de Produção: Elissandro de Aquino

Produção executiva: Marcela Giannini

Poesia Visual: Tchello d’Barros

Direção Musical: Laffayete Alvares Jr.

Preparação Corporal: Carolina da Rosa

Figurino: Beth Araujo

Iluminação: Sady Bianchin

Fotografia: Tchello d’Barros

Elenco: Betina Kopp, Carolina da Rosa , Gleice Uchôa, Marcela Giannini e

Sady Bianchin

Músicos: Fábio Gomes, Filipe da Mata e Laffayete Álvares Jr.

Participação especial: Ronaldo Florentino

Depoimentos

 

“Tive o prazer de assistir a primeira apresentação de “Memórias de Fogo”, espetáculo teatral dirigido por Sady Bianchin

no CCBB/RJ. É um raro momento estético em que podemos assistir à encenação poética feita de colagens de fragmentos

literários variados que são apresentados pela polifonia de vozes dos atores em cena. Poemas cantados, musicados, dançados e projetados sobre o corpo dos atores, que criam nova dinâmica entre o poema e sua recitação dialógica.”
(Aristides Alonso)

 

Além de todo o contexto da representação a peça nos faz mergulhar num mundo da metalinguagem ao associar música e poesia num experimento impecável! Isso associado ao talento dos atores nos faz sentir privilegiados por assistir a um espetáculo mágico

(Denise Lilenbaum)

 

O espetáculo Memórias de Fogo, encenado por Sady Bianchin e Marcela Giannini e grupo de atrizes, só engrandece a história do Centro Cultural do Banco do Brasil em sua trajetória de apresentações artísticas. A Direção de Sady se debruça sobre excelentes poemas seus e de Marcela, além de antológicos versos e outros poetas. Ao longo do espetáculo, atrizes em coreografias, e canto, precisos em harmonia com o texto condutor das cenas, enquanto também há intervenções competentes dos músicos (e vozes) favorecendo o grande contexto poético a que se propõe o projeto do grupo. As projeções de poemas com preponderância concretista, de Tchello d’Barros, completam uma noite de extrema sensibilidade artística.
(Ivan Cavalcanti Proença - ICP é ensaísta, crítico literário, Mestre e Doutor em literatura)

 

Feliz oportunidade do público que compareceu ao CCBB para prestigiar o caudaloso “Rio de Versos” e seus afluentes de multilinguagens. O projeto, que reuniu a performance Passaporte Poético, a Mostra de Poesia Visual Imagética e a encenação Memórias de Fogo, reforçou o coro uníssono de resistência cultural dos dias atuais. Fez-se valer, com efeito, o trabalho coletivo de uma trupe sintonizada com a vida e a realidade social, em que prevaleceram a criatividade e o talento de todos os envolvidos. Um forte brado de várias vozes numa só, fazendo ecoar a palavra Liberdade.
(Jorge Ventura)